Wednesday, May 27, 2015

Diplomacia Pública Vs. Diplomacia Secreta. O Primeiro Assalto.

Parece que a tão famosa "Diplomacia Secreta" que classicamente caracteriza as principais chancelarias do mundo (incluindo as dos Estados da União Europeia [UE]) foi, como dizem os nossos irmãos brasileiros, "para as cucuias" na basofolândia. Contudo, se da primeira vez (vide a entrevista ao jornal local expresso das ilhas: http://www.expressodasilhas.sapo.cv/exclusivo/item/44569-jose-manuel-pinto-teixeira-cabo-verde-perde-oportunidades-porque-o-ambiente-de-negocios-e-mau) o assomo da "Diplomacia Pública" (cuja assumpção pelas chancelarias tenho defendido) por parte do Embaixador da União Europeia em Cabo Verde teve aparentemente um cunho militante, da segunda (vide excertos da entrevista concedida à televisão pública cabo-verdiana: http://www.rtc.cv/tcv/index.php?paginas=45&id_cod=41265; e/ou a conversa completa em: http://www.rtc.cv/tcv/index.php?paginas=41&id_cod=41253) não passou nitidamente de uma perversa revange por parte do mandatário europeu por alegadamente ter recebido um “bolo” por parte do governo cabo-verdiano ao seu jantar de recepção por ocasião da dita “semana da UE”. Não que eu esteja a favor do facto de os meus "coitados" e "pobres" compatriotas de um país africano que fica nos “cus de Judas” (que António Lobo Antunes me perdoe por tão má citação e publicitação de sua magnifica obra) por poderem ter tido a coragem e a petulância de recusar um magnífico regabofe oferecido gratuitamente pelo diplomata originário de um país “irmão” como Portugal (sim porque de acordo com as crónicas dominantes parece que a tal irmandade foi apenas fruto de um harmonioso encontro e fusão de culturas e não também o resultado de um encontrão “violentão” mediante um colonialismo brutal e explorador como outros) que de forma muito “desinteressada” e “solidária” (em alguns manuais isso é chamado de neo-colonialismo, colonialidade ou neo-lusotropicalismo) ajudou o país-arquipélago a alcançar a badalada “parceria especial” com a UE. Não! O seguimento do mandamento dominante básico da diplomacia levaria o governo responder à altura do pronunciamento feito pelo representante da UE a partir da escolha entre dois caminhos: o da diplomacia secreta, chamando o embaixador, e a própria EU, à uma conversa informal na qual afirmaria a não admissão da intervenção pública de diplomatas estrangeiros em assuntos de índole interno, ou faria um protesto formal pela atitude junto da mesma ou ainda, no máximo, pediria a substituição do referido diplomata (em outros lugares, isso daria direito a uma expulsão imediata); ou, mediante a diplomacia pública, fazendo uma declaração ao país através do Ministro, ou da Secretaria de Estado, das Relações Exteriores sobre a questão não só para denunciar a postura colonial do procurador da UE mas também para reafirmar a decência do povo que o elegeu. No entanto, o governo do Estado do meu país resolveu, tal qual uma criança e para a minha profunda tristeza, fazer uma birra! Sabendo que não existem “almoços (nesse caso manjares ao lusco fusco) grátis” na Política Internacional, o governo teve receio de pôr em perigo as esmolas até então cedidas pela EU, e que têm beneficiado verdadeiramente apenas os do seu círculo íntimo, caso a enfrentasse directa e oficialmente por tamanho descaso por parte de um seu delegado, independentemente da pertinência e veracidade ou não das críticas que este efectuou à governação do país (no caso da alegada justeza do acordo de pescas com a UE, os tubarões azuis ilhéus devem ter ficado vermelhos de tanta indignação perante tal descaramento!). A meu ver, está mais do que na hora da ilha Lilliput cabo-verdiana (como sabem, Lilliput é uma ilha fictícia do romance As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift. Também lhe peço absolvição pela vil citação de tão aclamado livro. Aqui a utilizo como equivalente ao personagem bíblico de David) procurar construir, a médio e longo prazo, uma real aliança (e a não a versão induzida pela própria UE) com outras pequenas e grandes nações africanas, e não só, para pôr cobro ao neo-imperialismo da Europa Fortaleza (o equivalente à também bíblica figura de Golias). Como diria o outro: “dignity, always dignity!”. É preciso lutar pela dignidade, mesmo que não sobre nada mais!!!           

Monday, January 26, 2015

Re-Fim das Ideologias?

http://www.publico.pt/mundo/noticia/syriza-iniciou-contactos-para-formacao-de-uma-maioria-no-parlamento-1683379
Disse-me alguém: "Será que isso significa o fim das ideologias na Europa?"
Eu respondi-lhe: "No mínimo é uma dor terrível para liberais e socialistas dogmáticos de serviço, inclusive para os pseudo-intelectuais que "representam" essas ideologias eurocêntricas nas ex-colónias europeias em África, que são "mais papistas que o próprio papa" e que, segundo Redy Wilson Lima (http://ku-frontalidadi.blogspot.ca/2015/01/liberdades-democracias-e-afins.html), chegam a apelidar alguns autores africanos de "africanistas" quando estes defendem a existência milenar de outras ideologias em África para além das tradicionais esquerda e direita europeias. Deveriam então ser europeístas?
Em tempos como estes (em que a extrema direita francesa apoia a esquerda radical grega ou em que encontramos militantes de origem africana em Partidos Neo-nazis (é o caso de um cabo-verdiano na Holanda nos tempos de Pim Fortuyn), cada vez mais é preciso repensar as ideologias de acordo com os contextos actuais, é necessário um combate em prol da emergência das ideologias alternativas silenciadas pela, ainda vigente, modernidade/colonialidade europeia e, finalmente, torna-se fulcral o forjar de alianças locais, nacionais e e trans-nacionais entre as ideologias subalternizadas (não só em África, Ásia e América, mas também na própria Europa) por essa modernidade/colonialidade, visando resgatar e aplicar os seus potenciais libertários e emancipatórios". 
Retorquiu-me esse alguém: "Foste profundo Odair. Não estás a exagerar?".
Eu: "Ainda nem comecei a aquecer".