Wednesday, March 26, 2008

CODESRIA Ki sta manda

«CODESRIA, the Council for the Development of Social Science Research in Africa is headquartered in Dakar Senegal. It was established in 1973 as an independent Pan-African research organisation with a primary focus on the social sciences, broadly defined. It is recognised not only as the pioneer African social research organisation but also as the apex non-governmental centre of social knowledge production on the continent.» (para mais informações: http://www.codesria.org/)

Um grupo de estudantes da primeira turma de pós-graduação em «ciências sociais» da imberbe Universidade de Cabo Verde participou entre 17 e 22 de Março de 2008 num seminário académico patrocinado pelo CODESRIA que teve lugar em Maputo, Moçambique. Na qualidade de, digamos, «penetra», juntamente com mais dois colegas, no grupo, me sinto na obrigação (brincadeira! É um prazer impronunciável) de deixar uma palavra de incentivo não só ao CODESRIA, pelo brilhante trabalho que vem desempenhando em prol da preservação, valorização e promoção do conhecimento produzido em África, mas também a esses estudantes já que neles deposito muita esperança na contribuição que poderão dar em prol da aproximação das ciências sociais no nosso país-arquipélago às diversas realidades do continente africano e à democracia cognitiva no geral. Imagino (e espero hehe) que com estas palavras o peso da responsabilidade lhes tenha aumentado sobre os ombros. Um grande abraço a todos e a todas!

Tuesday, March 25, 2008

«Estórias de Reconciliação»

«E as setas continuaram a trespassá-lo de todos os lados e ele acabou por morrer. Então, foram-se embora cheios de alegria e a seguir, como se fosse por milagre, a mãe de Icuro Curóra viu abrir-se o corpo do gigante, donde saiu um grande número de pessoas que fizeram: 'Atchim! Atchim!' espiando ruidosamente. Eram aqueles que ele havia engolido, homens e mulheres. A mãe de Icuro Curóra reuniu-se com todos eles e fez este discurso: 'o meu filho, aquele que sempre recusou uma vida de harmonia com os outros agora está morto. A partir de hoje a floresta está aberta para quem quiser fazer proveito, nenhum homem nem mulher serão ameaçados.' E assim foi. (Província de Manica)»

«Icuro Curóra, o Mau», Estórias de Reconciliação, Associação dos Escritores Moçambicanos, (AEMO), CNUM: UNESCO, 1994, p. 32.

Uma homenagem aos escritores moçambicanos em especial a Filimone Meigos que me ofereceu este pedaço maravilhoso de «estórias orais» moçambicanas passadas para o papel após o término da guerra civil (1976-1992). Para além de «artista», como ele se define, já que vez em quando toca guitarra, Meigos é poeta, professor e ex-militar da FRELIMO tendo estado em três frentes de combate: «guerra da independência», «guerra da antiga Rodésia» (na ajuda a Mugabe para derrotar o regime de então) e a «guerra civil». Conheci-o num Workshop do CODESRIA (Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África) em Maputo e um dia me levou, juntamente com demais colegas, para conhecer a Sede da AEMO na mesma cidade. Para a minha felicidade estava a decorrer uma feira de livros usados da Associação. Era o último dia. Não me fiz de rogado e, como podem ver na foto, me joguei literalmente ao chão! Descobri algumas raridades...mas mais não conto.

Sunday, March 16, 2008

Maputo - «Maningue»

Cheguei ontem, 15, a Maputo. Quando saí do aeroporto e estava a andar pela cidade de carro, a primeira coisa que pensei foi: «parece a minha terra, só que maior, mas muito, muito maior!» De facto, confesso [não costumo utilizar esta expressão pseudo-religiosa devido às minhas angústias de ex-católico agnóstico ortodoxo mas desta vez...], Maputo esmaga-nos!!!

PS. O meu irmão André vai me mostrar os «cantos à casa.»

Friday, March 14, 2008

Amistad - Quid?

No dia 03 de Março de 2008 estive à bordo da réplica do Navio «Amistad» (para mais informações: http://www.amistadamerica.org/), que esteve alguns dias na ilha de Santiago em Cabo Verde, atracado no Porto da Praia e na 'Cidade Velha', no âmbito do seu périplo pelo atlântico refazendo a rota do Navio orginal.

Não é que eu não seja apologista da valorização da memória histórica, tanto mais sabendo do poder de um conhecimento fruto de uma releitura a partir de um prisma pós-colonial, mas a forma como a memória de alguns africanos que lutaram, a custa de muito sangue, pela sua emancipação, foi, por vezes e por alguns, vilmente instrumentalizada para fins políticos e económicos (vulgo, eleições autárquicas 2008, e candidatura a património comum da humanidade da 'Cidade Velha') me deixa profundamente estarrecido!

EJIC II - A Ressaca

Entre os dias 20 e 22 de Dezembro de 2007 ocorreu na capital de Cabo Verde, Praia, o II Encontro de Jovens Investigadores Cabo-Verdianos (EJIC).

O certame teve como sede oficial o Auditório da Reitoria da Universidade Pública de Cabo Verde. Contudo, a sede dita informal, mas real, onde melhor se produziu e se 'reproduziu' o conhecimento, ou a 'teoria crítica', foram os espaços considerados marginais e/ou subalternos pelo cânone universitário: os espaços de 'festa'.

Deixo-vos, com a foto, o cheirinho de um pulsar do saber da ecologia feminina que metamorfa os saberes coloniais predominantemente machistas ou patriarcais.