«E as setas continuaram a trespassá-lo de todos os lados e ele acabou por morrer. Então, foram-se embora cheios de alegria e a seguir, como se fosse por milagre, a mãe de Icuro Curóra viu abrir-se o corpo do gigante, donde saiu um grande número de pessoas que fizeram: 'Atchim! Atchim!' espiando ruidosamente. Eram aqueles que ele havia engolido, homens e mulheres. A mãe de Icuro Curóra reuniu-se com todos eles e fez este discurso: 'o meu filho, aquele que sempre recusou uma vida de harmonia com os outros agora está morto. A partir de hoje a floresta está aberta para quem quiser fazer proveito, nenhum homem nem mulher serão ameaçados.' E assim foi. (Província de Manica)»
«Icuro Curóra, o Mau», Estórias de Reconciliação, Associação dos Escritores Moçambicanos, (AEMO), CNUM: UNESCO, 1994, p. 32.
Uma homenagem aos escritores moçambicanos em especial a Filimone Meigos que me ofereceu este pedaço maravilhoso de «estórias orais» moçambicanas passadas para o papel após o término da guerra civil (1976-1992). Para além de «artista», como ele se define, já que vez em quando toca guitarra, Meigos é poeta, professor e ex-militar da FRELIMO tendo estado em três frentes de combate: «guerra da independência», «guerra da antiga Rodésia» (na ajuda a Mugabe para derrotar o regime de então) e a «guerra civil». Conheci-o num Workshop do CODESRIA (Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África) em Maputo e um dia me levou, juntamente com demais colegas, para conhecer a Sede da AEMO na mesma cidade. Para a minha felicidade estava a decorrer uma feira de livros usados da Associação. Era o último dia. Não me fiz de rogado e, como podem ver na foto, me joguei literalmente ao chão! Descobri algumas raridades...mas mais não conto.
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